Uma casa que fosse um areal deserto;
que nem casa fosse;
só um lugar
onde o lume foi aceso,
e à sua roda
se sentou a alegria;
e aqueceu as mãos;
e partiu
porque tinha um destino;
coisa simples e pouca.
Mas destino:
crescer como árvore,
resistir ao vento,
ao rigor da invernia,
e certa manhã sentir os passos
de abril
ou, quem sabe?,
a floração dos ramos,
que pareciam secos,
e de novo estremecem
com o repentino canto
da cotovia.
Eugénio de Andrade
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